Saturday, August 2, 2008

problemas gerais desorganizacao psicobiologica da crianca

1 Introdução

A psicopatologia é uma ciência que se dedica à investigação sistemática das doenças mentais cujos dois grandes grupos são as neuroses e as psicoses. Este trabalho aborda aquilo que são as desorganizações psicobiológicas na criança assunto da competência da Psicopatologia Infantil.

As desorganizações psicobiológicas na criança podem ser de origem lesional, isto é, derivadas de alguma lesão no cérebro ou mal formação congênita, no que concerne, a um mecanismo funcional, ou desta origem decorrentes de lesões nos mecanismos construtivos orgânicos.

Sendo assim, importa-nos neste trabalho descrever aspectos a estas desorganizações e lesões relacionadas, para o melhor conhecimento destas como estudantes de psicopatologia.

Para a elaboração deste trabalho recorreu-se a consulta de algumas obras bibliográficas e a alguns sites na internet.

O mesmo contém temáticas como: Noção de Normal e de Patológico; O Normal e o Patológico na Criança; Aspectos e Formas de Desorganização da Criança.

2 A NOÇÃO DE NORMAL E DE PATOLÓGICO

2.1 A Normalidade

No sentido lato a palavra normal refere-se a padrão, regra de funcionamento, regulamento. Em patologia o significado do normal é traduzido por higidez, sendo este o sinónimo de saudável ou àquele que goza saúde perfeita. E neste senso mais extrito opõe-se ao Patológico (http://es.wikipedia.org/wiki/Psicopatolog%C3%ADa).

Assim, as noções do normal ou do anormal podem ser tidas como noções opostas como a do bem e do mal ou sobre a base de uma dialéctica dos contrários. A noção do normal suscita várias interpretações contraditórias. Fala-se de normal sob a forma de normalidade estatística, e fala-se também de normalidade normativa “aquilo que deve ser”, da normalidade ideal que varia segundo as sociedades e normalidade funcional que é segundo as características de cada indivíduo em que a normalidade não pode ser definida fora de uma certa concepção do organismo e do quadro social no qual ele se desenvolve. Mas é de lembrar que não se deve confudir a normalidade com a perfeição.

Por exemplo, imaginar um homem com um pulmão artificial ou com uma boa forma cardíaca, com um rim artificial, com ossos de marfim; este poderia ser considerado como um homem normal em sua eficiência se neste não se considerar a normalidade em relação a um valor- padrão morfológico. (Ajurriaguerra, 1985)

Também existe a normalidade na anormalidade: um ser imperfeito pode utilizar o seu potencial ao máximo e poderíamos dizer que neste a normalidade para ele é a utilização das suas deficiências com o aumento dos suprimentos. Mas por outro lado, é claro que a noção de bem-estar não é suficiente para que se defina a normalidade; portanto, de modo algum poder-se-à dizer que existe uma relação de paridade entre estar sadio e ter boa saúde, pois homen sem falha, homem perfeito, é um exibicionismo de uma perfeição sob a qual se encontra uma verdadeira debilidade. (Idem)

Quanto a normalidade em relação à adaptação - adaptação não somente como um certo equilíbrio, mas a capacidade de reação para adquirir este equilíbrio perdido em consequência de um estresse ou da simples aceitação do que nos é oferecido pelo mundo exterior ou pela sociedade, mas adaptação no sentido se realizar no mundo (Nuttin apud Ajuriaguerra,1985). Éuma adaptação em relação ao mundo exterior e esta adaptação se interioriza e se integra à organização individual - (Osterrieth apud Ajuriaguerra, op.cit.).

E segundo Mucchielle apud Ajuriaguerra (Ibidem) essa adaptação não é acostumar-se ou aclimatar­-se, mas um consumo orientado de energia para se integrar ou para resistir aos traumatismos sociais e para aprender e desempenhar papéis sociais. Sendo assim, a socialização é a aquisição de atitude para efectuar esforços contínuos de adaptação social.

A adaptação pode ser a escolha de um nível que permita ao indivíduo evitar o sofrimento ou intranquilidade tornando-se porém, anormal quando as exigências exteriores não permitirem ao indivíduo conservar este nível. Sendo assim, determinado a mecanismos de defesa ou certos tipos de regressão podem servir para uma boa adaptação.

Portanto, segundo Meyer apud Auriaguerra (1985), a normalidade não pode ser vista fora da noção histórica do indivíduo, da própria história do indivíduo e do grupo social no qual a sua vida se desenrola. E a normalidade para o homem é o seu bem-estar ou a sua luta dentro do modelo de sua normalidade, tendo a norma como ponto de referência.

De acordo com Canguilhem apud Ajuriaguerra (1985) - o indivíduo doente está normalizado em condições de existência definidas; ele perdeu a capacidade normativa, a capacidade de instituir outras normas em outras condições. A doença é uma vida nova, caracterizada por novas constantes fiosiológicas; ser não é apenas ser normal em uma determinada situação, mas é também ser normativo neta situação como em outras situações eventuais. Estar são é poder ficar doente e recuperar-se ou seja “e um luxo bilógico”.

A noção da anormalidade pode ser muito indefinida podendo ser tratada em termos como “desvio”, “ acto desviante” “ou pessoa que se desvia”.

Assim, a doença está na conduta do homen que sofre a desorganização de suas funções.

Como se pode ver a questão da normalidade é bastante complexa. De acordo com Ajurriaguerra (1985) os diversos conceitos existentes podem ser enquadrados nos siguintes:

1) Normalidade como saúde

Segundo a O.M.S saúde é um completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência da doença. Todavia, o bem estar completo é impossível de ser encontrado num mundo de tantos desajustamentos físicos e psíquicos. (Enciclopédia Mirador Internacional, 1981: 10271). A noção de bem-estar não é mais suficiênte para definir a normalidade. Não há equivalência entre estar sadio e ter uma boa saúde. A normalidade como saúde não existe de acordo com o argumento de Kubie apud Ajurriaguera (op. Cit.), segundo o qual “a saúde é um estado raro, que, no entanto, não é patológico”. A noção de objectivo ou de subjectivo não é suficiênte para definir a normalidade. Uma lesão objectiva pode ser compensada pelo homem, e sensções subjectivas podem nos enganar sobre o real estado dos nossos órgãos. De facto a normalidade in abstract não existe.

2) Normalidade como utopia

Parte do conceito psicológico dinâmico (psicanálise) segundo o qual a normalidade supõe um equilibrio harmonioso dos diferentes elementos do aparelho psiquico (Id, Ego, Super-ego). Este critério implica a capacidade de manejar adequadamente os diferentes processos psiquicos incoscientes. Por exemplo, em nós existe um pouco de neurose- ideias a mais- conflitos. Nunca existe um equilibrio entre o Id, Ego e o Super-Ego; por isso a normalidade psíquica é uma Utopia.

3) Normalidade como média

Parte de critério estatístico em que o normal é o que aparece com maior frequência (critério da maioria). Este critério consiste em comparar os indivíduos com a maioria e considerar doentes os que não se comportam como a maioria. Por exemplo: Num bairro ém que a maioria é deliquente a deliquência seria considerada normal.

4) Normalidade como Processo

Considera a conduta normal final da interacção de mecanismos e forças psicodinâmicas e sociológicas que actuam sobre o sujeito durante a sua existência.

Supõe uma valorização contínua da dinâmica psíquica que permite aceder ao estudo do comportamento a partir de uma perspectiva mais ampla que é puramente transversal e actual. Um aspecto a ter atenção não se valora o sujeito numa situação concreta e momentânea.

2.2 O Patológico

Patológico é o que é relativo a patologia. (Dicionário Universal Milênio 1999:1136)

Num passado mais remoto o conceito de patologia ou de doença se originavam de três condições distintas :

a) Deficiência, deformação ou mutilação que eram expressas pelas palavras asthenia (em grego) e enfermitas ( em latim);

b) Estado de desequilibrio e desarmonia das funções, estruturas e faculdades do ser vivo oposto à da saúde; podia ser transitório ou permanente, mais ou menos invalidade, definido como um quadro clínico característico que se expressa pelas palavras nosos (em grego) e morbus (em latim);

c) Mal-estar, dor, sofrimento objectivo ou subjectivo, traduzido por pathos (em grego) edolentia (em latim). Estes são, ainda hoje os limites do patológico: sofrimento, as doenças enquanto entidades ou afecções definidas e às deficiêncas ou impedimentos. (http://es.wikipedia.org/wiki/Psicopatolog%C3%ADa).

3 O NORMAL E O PATOLÓGICO NA CRIANÇA

A questão da normalidade é em si complexa e, torna-se muito mais complexa quando nos referimos a esta quetão na criança dado que, o que podemos considerar anormal pode na verdade fazer parte daquilo que é o processo de desenvolvimento, isto é, reorganização das suas estruturas psíquicas.

Segundo R.Diatkine apud Ajurriaguerra (1985), o dignóstico de estrutura mental não deve ser confundido com o de “normalidade” ou de patologia. O normal não é uma estrutura particular, mas se define por um certo equilíbrio de funcionamento. De acordo com a idade as lesões do sistema nervoso central podem se manifestar através de importantes desordens deficitárias ou por destúrbios da personalidade, produzindo incapacidade de aquisição mas com pesistência de uma certa qualidade inter-relacional de baixo nível ou seja em uma determinada fase evolutiva. Os estados deficitários podem se apresentar sobre a forma de um recalcamento fixo da evolução ou sobre a forma de um progresso retardado. A mesma causa pode agir diferentemente, segundo o momento da evolução na qual ela se produz, a sua acção é variável segundo o estado de funcionamento, conjunto e possibilidades de compensação ou seja de superação.

Portanto, nas crianças muitos dos problemas que chamamos neuróticos, são limitados a um único distúrbio funcional e a distância do conflito ao sintoma parece mais frequentemente curta do que na neurose do adulto.Uma compreensão do desenvolvimento neurótico só é possível se for baseada numa análise detalhada e num preciso conhecimento do desenvolvimento normal. A observação demosntra que os conflitos e o que se chama de crises sobrevêm inevitavelmente no processo do desenvolvimento infantil, para tal é necessário encarrar estas crises como núcleos importantes do desenvolvimento, de entre estas umas originando atitudes e outras provocando a debilidade do ego. Á título de exemplo, Ana Freud e Mélanie Klein, nas suas pesquisas mostraram que as dificuldades que se encontram durante o desenvolvimento para classificar certos tipos de comportamento no âmbito do normal ou do patológico, se não se considera a idade e a estrutura global da personaliodade. Mélanie Klein, dedicando-se amplamente neste processo, descreveu dentro do desenvolvimento normal as posições depressivas e as posições esquizoparanóides que não são de facto, necessariamente, mórbidas mas que correspondem a momentos evolutivos. (Idem)

Entretanto, aos valores que atribuímos à angústia ou às fobias, às dificuldades de alimentação no devido tempo ou aos distúrbios do sono, só é válido quando relacionado à linha geral do desenvolvimento. Admite-se que todas as crianças passam por uma neurose que só difere de uma para outra quanto ao grau de intesidade. Motivo pelo qual estas neuroses nas crianças chamam menos atenção relativamente às dos adultos. As crianças menos neuróticas não são absolutamente as que mais se assemelham aos adultos não neuróticos. Se não vejamos, uma criança que conforma com todas as exigências de sua educação e que se recusa ao usufruto da sua vida fantasiosa e instintiva e que pareceria perfeitamente adaptada à realidade e manifestasse pouca angústia, estaria não apenas envelhecida e desprovida de qualquer encanto, mas seria anormal, no pleno sentido do termo. A criança normal apresenta uma certa ambivalência quanto aos seus afectos, bem como a sua submissão aos impulsos instintivos, às fantasias e pressões exercidas pelo superego sobre ela. A criança que opõe certos obstáculos na sua adaptação à realidade, bem como à educação, não é uma criança fácil, mas se sua angústia, sua ambivalência e os obstáculos que ela opõe à sua adaptação à realidade ultrapassa o limite, e se as dificuldades que ela sofre e faz os que a cercam sofrer são muito grandes, devemos então considerá-la como uma criaça incontestavelmente neurótica. Na realidade, o que distingue a criança mais neurótica da menos neurótica não é apenas uma questão de ordem quantitativa, mas também do seu comportamento em relação às suas dificuldades. A angústia infantil apresenta vários tipos de disfarces a referenciar:

Angústia primitiva que se caracteriza por terrores noturnos por vezes podem ser superados sob a forma de certos destúrbios do adormecimento, do sono agitado ou de múltiplas manias e ritos aos quais se dedicam as criaças na hora de dormir.

Angústia subjacente que se relaciona com as remotas dificuldades manifestadas no acto de alimentação que pode se transformar a dada altura em lentidão ao alimentar-se, em falta de apetite assim como em alterações do comportamento na altura da passagem das refeições. (Ibidem)

Também se constata que a angústia sentida pelas crianças perante determinadas pessoas frequentemente se generalisa em timidez. Estes procedimentos quando se tornarem frequentes podem ser, do mesmo modo, interpretados como sinal particular de temperamento, ou como de desobediência do mesmo modo que, a agressividade pode uma supercompensação da angústia que se encontra assim modificado. De acordo com Melanie Klein apud Ajurriaguerra (op. Cit.), o que importa é o estudo dos meios pelos quais a criança modifica a sua angústia, assim como, a atitude fundamental que ela assume. Por exemplo, uma criança que não gosta nem de teatro, nem de cinema, nem de qualquer outro tipo de espetáculo, se não tem prazer nenhum em fazer perguntas e se mostra inibida nos jogos, incapaz de brincar desde que a brincadeira exija dela requisitos de imaginação, podemos admitir que esta criança sofre de uma profunda inibição de suas necessidades epistemofílicas e de um recalque consideravel da sua vida imaginativa, ainda que ela possa ser, sobre outros aspectos bem adaptada e não apresentar aparentemente qualquer distúrbio bem definido. Algumas manifestações de emotividade e de angústia fazem parte de uma condição prévia para um feliz desenvolvimento.

Sob ponto de Anna Freud apud Ajurriaguerra (1985: 139), o estudo das diferentes linhas de desenvolvimento mostra que há uma correspondência bastante boa entre as diferentes linhas evolutivas: maturidade emocional, independência corporal, sociabilidade, jogos construtivos entre outras. Admite-se que podemos aceitar o conceito de uma certa norma mesmo se a realidade nos apresenta nomerosos exemplos contrários. Um certo equilíbrio entre as linhas de desenvolvimento não é patológico em si; mas uma desarmonia moderada apenas prepara o terreno para as enumeráveis diferenças como as que existem entre os indivíduos desde uma idade bastante tenra isto é ela produz numerosas variações da normalidade com as quais devemos contar. Ao que se refere as história individual, certos tipos de organizações neuróticas podem ser na história dos indivíduos uma forma sã de organização e se parecem mórbidos em relação a uma coerência de organização eles podem permanecer positivos pois são adaptáveis, evitando reações mais catastróficas. A simples capacidade de adaptacão não é suficiente. Para definir um bom estado de saúde, no entanto, alguns tipos de adaptação podem implicar pacividade amorfa a um meio inadequado portanto, dois traços são bastante particulares à criança em sua manifestação mórbida: - a que se centra na forma de expressar o seu sofrimento e a consciência que ela pode ter do seu estado mórbido - em certos casos é a reacção dos pais ao sintoma que, secundariamente, faz a criaça sentir seu sofrimento. Equiparando, as crianças são ainda indiferentes aos sintomas, enquanto que os adultos sofrem bastante em função dele. Os terrores noturnos da criança provocam entre os progenitores consternação e ansiedade enquanto que, a criança nem sequer os recorda tal como os acessos de cólera provoca agitação na família sendo que, para a criança eles se contituem frequentemente em um extravasamento feliz. De referir que, a necessidade de destruir, considerado pelos como uns sintoma dos mais alarmantes pode ser um grande prazer para a criança.

De acordo com M. de Negri e G. Moretti apud Ajurriaguerra (Ibidem), demonstram que a consciência da doença para a criança não é completa nem é autônoma sendo ela permeável às influências psicológicas exógenas e não só mas como sofrendo sobretudo influências de forma passiva pelos julgamento dos adultos. Deste modo, se é dificil definir a noção do normal e do patológico em relação ao adulto, o mesmo acontece, ou ainda, é mais difícil fazê-lo em relação à crianca. No entanto, de uma forma esquemática a doença constitui uma não adaptação às exigências íntimas e às exigências do mundo exterior, unida a uma incapacidade de reversibilidade e a uma impossibilidade de descentralização; mas um sintoma ou comportamento não poderão ser considerados patológicos a não ser quando relacionados ao nível de evolução, à situação presente e ao sistema de motivações.

Pode dizer-se que em certos casos a doença forma­-se na tenra idade contudo em muitos outros casos esta forma-se durante um lapso de tempo, maior ou menor, tudo isto acontecendo como se a doença antes de surgir procurasse um momento adequado para evoluir. É segundo um conjunto da organização da criança e das características individuais que se pode diferenciar entre os distúrbios estruturados como carácter francamente neurótico e os distúrbios relacionais passageiros, como formas de transição ou de reorganização.

4 ASPECTOS E FORMAS DA DESORGANIZAÇÃO DE CRIANÇA

No séc. XIX, o pensamento médico predominante apresentava três orientações:

- Anatomoclínica – considera o ser vivo como uma justaposição de partes anatómicas associadas e a doença como uma alteração da forma anatómica, sendo o homem paciente definido em relação à lesão anatómica ou seja, em relação à uma deficiência.

- Fisiopatológica – admitem que as características que regem os processos mórbidos são as mesmas que presidem as actividades da vida, referenciando que o que é essencial não são nem as lesões nem os sintomas como tais, mas os processos energéticos e materias da doença e o seu futuro.

- Etiológica – considera o doente como objecto de uma agressão, a qual é origem da doença, em função deste dado e por razões de prevenção ela se vai ocupar mais do agente agressor do que do próprio indivíduo que sofre a agressão.

Actualmente, o problema é abordado sob o plano das funções e das disfunções, utilizando conceitos psicodinâmicos.

S. Freud, introduz um novo modo de pensar no qual a psicodinâmica não se situa mais no plano da integração das funções nervosas, mais no plano da organização da personalidade, considerando o que a criança traz ao nascer como potencial pessoal ou hereditário.

Para que se compeenda a desorganização psicopatológica da criança é importante que se considere o facto de que esta desorganização ocorre num ser em desenvolvimento, e prematuramente nascido sendo este instável no seu funcionamento, pois está apenas se formando ou construindo-se e que a sua organização é feita por meio de um equipamento cerebral associado com as contribuições do meio em a criança deve resolver e resolve seus próprios problemas e descobertas a partir da sua experiência. Desta forma, quando ocorrer desordens, deve-se normalmente destinguir a doença que se apresenta da doença que a criança nos apresenta, e na doença que defronta, o psiquiatra deve distinguir o que é uma deficiência maturativa, o que é uma desordem mecânica e também, o que é simplismente uma desorgaização mais ou menos transitória. Certamente que, o melhor cientificamente seria de responder a uma certa necessidade de causalidade, podendo de certa forma deduzir com firmeza que “uma determinada condição é a causa próxima de um fenómeno”:

- se podemos provar que esta condição precede ou acompanha sempre o fenómeno;

- se a supressão desta condição acareta a não reprodução do fenómeno contraprova. Bernard apud Ajurriaguerra (1985).

Em psicopatologia infantil o que é postulado pelo C. Bernad apud Ajurriaguerra (op. Cit.), ocorre raramente, pois é imprescindível que a mesma causa pode agir diferentemente dependendo do momento da evolução em que ela se manifesta, suas consenquências são variáveis segundo o estado de funcionamento conjunto e as possibilidades de compensação ou de superação. No entanto, a supressão da causa após um certo periódo de desorganização não modifica necessariamente o quadro, pois a nova organização da personalidade busca outras formas de adaptação.

Em psiquiatria mais do que em outros campos, é necessário que se estabeleça a diferença entre a etiologia e a patogenia e não se apegar apenas ao facto de que tal agente ou do traumatismo psíquico produz um determinado tipo de desorganização. O que mais importa é que se compreenda como se organiza o distúrbio, não somente segundo as características negativas, mas conforme o lado positivo que toda a nova organização traz consigo, a forma como o indivíduo sofre ou assume os seus distúrbios, como em determinado nível ele organiza o conjunto do seu ser e porque ele escolhe uma disfunção particular, ou como ele tenta se superar de sua nova organização ou por novos funcionamentos parciais escolhidos em função de sua história ou descobertos como uma nova forma de expressão que é satisfatório à sua nova personalidade. (op. Cit.)

No entanto, é de capital importância que se diga que que muitas vezes o quadro patológico que é apresentado não pode ser atribuído a um acidente ou incidente único e não permite aceitar para o quadro geral uma causalidade directa. Pois, por vezes, a causalidade é indirecta, ela age sobre um elo de organização e desorganiza o conjunto no qual este elo desempenha um papel, sem que a sintomatologia, que é a consequência, se manifeste através destes elos. Outras vezes, a relação de causalidade entre a doença e o fenômeno que a desencadeou é do segundo ou enésimo grau. Portanto, percebe-se que existe uma série de causalidades e a explicação de uma multicausalidade nem sempre é satisfatória pois a doença não pode ser compreedida pela associação de um certo número de fenomenos causais, mas pela forma que ela assume segundo as linhas de força que estes diversos elementos introduzem no equilíbrio que se procura atingir tanto do ponto de vista anatomorfisiológico, quanto da personalidade que experimentou o distúrbio. Por esse motivo, se fala de estudos pluridimencionais o que demonstra uma certa desconfiaça em relação a uma unicausalidade directa no entanto, não é este o motivo de se satisfazer com a pluricausalidade, visto que as formas de organização tem uma dinâmica própria fruto de uma dinâmica. Mas não se é mecanicista por se considerar que em certos momentos essas organizaçãoes sejam relativamente estáticas, quando não se considera a dinâmica essencial. (Ajurriaguerra, op. Cit.)

É de salientar que, certas formulações fisiológicas ou bioquímicas utilizadas para explicar distúrbios funcionais são por vezes mais dinâmicas do que alguns trabalhos ditos psicodiâmicos, apegados em conceitos que levam a pensar que o funcionamento mental é um mosaico. (Idem)

No entanto, tem-se abordado as desorganizações de uma forma esquemática de natureza orgânica as ditas psicogenéticas no ângulo dos distúrbios ditos lesionais e dos distúrbios funcionais e entre os dois podendo-se descrever sídromes por imaturidade, os quais seguidamente se farão referência.

4.1 As Desorganizações Ditas Lesionais

As desorganizações ditas lesionais só podem ser compreendidos como uma dificiência da mecânica funcional sem disassociá-los da fases maturativas, de organização da personalidade e dos distúrbios dos funcionamentos conjuntos. (Ajurriaguerra, Ibidem)

Não é preciso afirmar que os distúrbios da afirmação pode depender de lesões cerebrais ou malformações congênitas, em que uma lesão cerebral global acareta uma vida vegetativa. Podemos admitir que a lesão pode, tanto destruir uma mecânica já pronta para se exprimir, quanto impedir a organização indispensável desta mecânica.

As consequencias e as características da desorganização dependem da localização funcional da massa destruída e da qualidade da lesão. A lesão não provoca apenas desordem do tipo deficitário, quando ela e do tipo irritativo pode pertubar a organização cerebral em seu todo.As suas características próprias, permanentes ou de uma doença, desencadeiam reacções inadequadas, podendo dificultar a organização funcional (pelo facto de provocar modificações da actividade no compto da comunicação, sobretudo em lesões prococes, assim como, ter como consequência directa modificações de humor de carácter. À titulo de exemplo, as actividades de origem irritativa cerebral, diencefálica ou rinencefálica, podem, às vezes, actuar de modo automático e serem sentidas pela criança como provenientes ao mesmo tempo dela própria e do mundo exterior. Perante este caso, a lesão ddesorganiza as estruturações que deveriam ser homogênea, quer estas aferências de origem interna sejam condicionados como tais ou vivenciadas historicamente, tem um valor pessoal para o indivíduo. Portanto, há um grande perigo em se pensar que estes distúrbios estão especificamente relacionados com aquilo que o cérebro não pode fazer; os distúrbios pode ser de igual modo devido a aquilo que o cérebro não pode captar. No entanto, se não se pode, no momento alterar um cérebro lesionado em sua trama, e se a partir deste facto, a criança não poder receber sinais equivalentes aos que recebe uma criança não lesionada e possível encontrar sinais adequados para uma comunicação para esta criança propondo a reeducação; a lesão não depende apenas do seu local anatómico, pois, ela não tem apenas um valor focal; a lesão depende também da sua extensão e da idade cronológica em ela que se produz . (Ibidem)

A lesão de um sistema produz alterações que se manifestam por uma modificação sistemática determinada, apesar dela produzir para além disso, modificações gerais devido a uma reeorganização do resto do sistema nervoso e de suas estruturas funcionais. Estas reeorganizaçoes podem ser vistas, sob o ângulo anatómico, assim como, sob o ângulo das transferências funcionais e sob o ângulo de reajustamento globais. Podendo resultar uma nova organização das estruturas que deve se adaptar para superar as funções deficitárias. (Ibidem)

Se pelo contrário a função deficitária já estiver organizada, a nova função substitutiva não poderá ter repentinamente a estabilidade da antiga; as novas funções serão até certo ponto mais habeis e mais frágeis; sofrerão por mais tempo as oscilações ditadas pelas situações instantâneas, pela falta de um equilíbrio homeostático, geneticamente organizado e historicamente experimentado. O comportamento do indivíduo será mais ou menos afectado de acordo com a importância da lesão e segundo a adaptação funcional que ele deve realizar. Contudo, a qualidade da nova organização obtida não é unico factor em referência: as exigências do ambiente são também determinantes.À título de exemplo, quando se produz uma redução espontânea da actividade com o objectivo de manter um objectivo precário, as solicitações excessivas do ambiente podem produzir reacções de desaire que corroboram uma desorganização do funcionamento cerebral. Pode-se admitir que uma organização estrutural pode em consequência de uma lesão, assumir novas formas de funcionammento e destas novas formas de funcionamento podem ser entendidas também como formas de compensação, pelas quais a personalidade adquire também uma forma. (Ajurriaguerra, op. Cit.)

Portanto, não se pode comprender as consequências sem considerar que é afectada, bem como o comportamento do seu meio tal como determinados posionammentos médicos. Na pessoa atingida por uma lesão torna-se diferente das demais; ela no mínimo se encontra parcialmente excluída, no concernente ao ponto de vista social, mesmo que não se sinta como vítima de agressões por este mesmo meio. Suas possibilidades de defesa face a sua incapacidade são extremamente variadas: ela tanto pode negar seu defeito quanto regredir para um mundo aberto utilitário, ou ainda para um mundo fechado e autístico. (Idem)

Entretanto, existem desorganizações sectoriais de determinadas realizações funcionais, que não interagem exclusivamente ao campo cognitivo, que não se manifesta necessariamente por destúrbios afectivos exclusívos e que são qualificadas de estrumentais ou sectorias. Refere-se aos distúrbios particulares das funções perceptivas, motoras e da linguagem. (op. Cit.)

Para se entender a noção de instrumento passa necessariámente por entender a noção de totalidade, e só se reveste de sentido durante a qual se manifesta. Pode-se afirmar que cada campo particular de realização (táctil, visual, auditivo, olfactivo, gustativo), tem suas regras próprias de organização e suas próprias regras de investimento. As actividades se enriquecem pela imitação e se desenvolvem pelo jogo de inter-relações. (Ajurriaguerra, op. Cit.)

As organizações funcionais sectoriais, de cordo com esta autora, dependem das etapas maturativas dos sistemas que permitem a sua realização, da evoluição das capacidades cognitivas e das possibilidades de assimilação do mundo exterior. Essas actividades funcionais sectoriais não podem ser separadas do desenvolvimmento cognitivo, pois fazem parte da experiência que contribui para a sua constituição. Não podem, também, ser isoladas do desenvolvimento afectivo uma vez que as pulsões e os investimentos objectais estão inclusos na própria realização e permitem constituir o presente em função do passado, bem como buscar o futuro com o objectivo de encotrar novas satisfações que se superem .

4.2 A Noção De Imaturidade

Esta autora advoga que, a noção de imaturidade foi descrita pela primeira vez por D. Hill em 1952. Se refere a um traçado EEG, onde coesistem elementos de níveis diferentes de maturação. Significa que a actividade bioeléctrica se encotra num estádio ainda estável, atrasado em relação as às médias estatísticas. Este atraso pode, por outro lado ser trransitório, o que implica a necessidade de estudo evolutivo antes do seu diagnóstico. Hill, definiu assim estes sinais de imaturidade: ritmo teta dominante pós-central, rítmo alfa variável, focos de ondas lentas temporais superioes.

Segundo Ajurriaguerrra, esta noção de imaturidade EEG foi, mais tarde, largamente utilizada em neuropsiquiatria infantil. S. Lairy Bounes apud Ajurriaguerra (op. Cit.), resumiu da seguinte forma os dados que se relacionam com este termo:

- Traçado globalmente lento para a idade e que poderia ser fisiológico para crianças mais jovens.

- Traçado apresentado uma sensilidade particular à hiperpaneia, sensibilidade que se traduz por uma acentuada lentificação quando da execução desse teste, sem paroxismos, mas parecendo ultrapassar amplamente a sensibilidade habitual na idade correspondente.

- Traçado, enfim, apresentado ondas lentas com, dominância occipital.

Para esta autora, há indícios, existir certas correlações entre actividade eléctrica cerebral de uma parte, e a qualidade da eficiência psicomotora e o modo de adaptação eléctrica, de outra parte, não se encontrando uma correlação similar com o grau de desenvolvimento intelectual.

Imaturidade emocional deve ser sobretudo considerada como uma não-formação da inibição das reacções emocionais. A reacção emocional é uma forma de existência, um estado de espera da agressão. No recém nascido estas reações são súbitas, globais, incoersiveis e desprovidas de relações afectivas especificas, que progressivamentte vão se tornando mais bem adaptadas aos estímulos, respondendo a situações com valores afectivos particulares e constituindo uma forma de adaptação ao meio A reacção emocional se apresenta como a irrupção de um perigo e, embora desordenanda, ela é significativa para o individuo. Ela confirma e consolida uma situação de isolamento no mundo, reforçando os mecanismos originais. A maturação, encarada ao mesmo tempo em seu sentido biológico e social tende a frear as reacções emocionais desordenadas tornando-as adatadas à finalidade e fazendo-a significativa para o indivíduo.

Imaturidade psicomotora diz respeito ao desenvolvimento psicomotor no que se refere ao atraso sob a denominação de “debilidade motora”. É provável que, em certos casos esta debilidade motora seja concomitante com modificações anatómicas do desenvolvimento cerebral. Em outros casos, o atraso do desenvolvimento motor estará relacionado com processos lesionais. Por outro lado, existem ligações estreitas entre maturação psicomotora e maturação emocional.

Imaturidade social – a escola desempenha um papel essencial nesta maturação. Aos 7 anos a criança da cidade tem uma superioridade absoluta sobre as crianças do campo quanto ao grau de maturação; esta diferença diminue por volta dos 6 anos de idade.

O nível sócio-económico familiar dos camponeses exerce uma influência mínima sobre seus filhos e, contrariamente, este facto e de extrema importância para os filhos de intelectuais e de operários.

Imaturidade afectiva ou atraso afectivo infantil - só pode ser analisado em relação a uma idade determinada. Esta noção deve ser considerada sob deversos aspectos: dependência-independência, segurança-insegura, segestionabilidade, possibilidade ou não de inibir as reações emocinais, possibilidade ou não de emitir julgamentos intelectuais e não afectivos, possibilidade ou não de autonomia na acção. Este atraso afectivo seria, a base de toda regressão neurótica, ao impedir que uma dose suficiente de libido, de afecto, possa ser consumada sob a forma oblativa. O resultado seria uma discordância entre objectivo obtido inconscientemente e a conduta imposta pelos desejos inconscientes. Esta noção de infantilismo afectivo ou de psicoinfantilismo tem sido extendidas ao adulto, no qual persistam qualidades mentais características da criança. Esta noção subentende uma discordância entre o desenvolvimento intectual completo e o desenvolvimento afectivo incompleto que, se traduz por debilidade, insegurança, maneabilidade e dependência excessiva que, em geral, assume a forma de uma fixação importante em relação à mãe, ao pai ou à outras pessoas de investidas de alguma forma de autoridade.

A imaturação das funções só pode ser compreendida através da dinâmica da evolução: evolução das pulsões, satisfações e insatisfações das nessecidades, reacções do mundo exterior frente a estas pulsões, gratificações ou punições.

4.3 As Desorganizações Ditas Funcionais

Ajurriaguerra referencia que, a palavra “funcional” utiliza-se em oposição ao termo “lesional”, o que geralmente se confunde com oposição “psicogênese” – “organogênese”. Na concepção do desenvolvimento do psiquismo, tanto o funcional quanto o lesional produzem desordens de funcionamento. Uma lesão ou uma malformação cerebral pode impedir q realização de determinadas performances ou assimilacao de alguns dados indespensaveis para a organizacao do psiquismo. O cérebro encontra-se incapacitado para funcionar normalmente, contudo o cérebro em formação pode ser perturbado não apenas por uma lesão morfológica, mas também pode apresentar modificações em seu funcionamento em consequência de exigências funcionais exageradas, por exemplo, ou pela falta de respostas adequadas ou por condicionamentos mais ou menos reversíveis.

A desorganização funcional não se distingue da desorganização lesional por um distúrbio de funcionamento, mas pelo facto de que na primeira, a mecânica de recepção e de expressão esta afectada em sua trama, enquanto que na segunda ela está lesada nos mecanismos construtivos orgânicos. (Ajurriaguerra, op. Cit.)

Estas desorganizações funcionais podem ter um início precoce, relacionados tanto com uma carência geral de cargas afectivas, quanto com os distúrbios das primeiras relações. Quando estes tipos de desturbios sao macicos e se produzem durante o periodo de maturação, podem provocar modificações equivalentes àquelas consecutivas às sindromes lesionais. Quando os transtornos da relação são mais tardios, podem provocar distúrbios do comportamento, desorganizações neuróticas ou psicóticas ou mesmo desorganizações sectoriais no plano da motricidade ou da linguagem. Não se pode explicar estes distúrbios apenas por uma simples acção proviniente do exterior; é preciso também considerar as tensões e coações e os conflitos intrapsíquicos. (Idem)

A evolução infantil dependerá da sua tolerância frente às frustaçoes seu controle da angústia e da capacidade de assumir os fenómenos que se produzem em cada criança, sem ficar fixada durante longo tempo em níveis inadaptados da sua maturação, sem organizar, pois, os mecanismos que não correspondem à sua idade ou sem regrdir profundamente. (Idem)

As noções de fixação e de regressão no sentido psicanalítico do termo nada tem a ver com o que precede. S. Freud chama fixação ao facto de se ficar parado, por uma tendência parcial, uma fase anterior. Há regressão quando os elementos mais avançados retorna por sua vez, a uma destas fases anterior; ela tem lugar em sua forma mais avançada, uma tendência se choca do exercícios das suas funções (isto é, na realização de sua satisfação), com grandes obstáculos exteriores. S. Freud pensa, por outro lado que as fixações preparam as regressões e compara a evolução do libido como uma tropa em marcha: os elementos mais numerosos permanecem na retaguarda e apenas uma frágil parcela vai ocupar os pontos avançados embora sempre pronta a recuar e a reintegrar-se ao grosso da tropa em caso de dificuldades. Mas, O. Fenichel assinala que a psicanálise demonstrou que estas fixações podem se produzir nas seguintes condições:

- se exprimentarmos satisfações excessivas num determinado nível, só a contragosto o abandonamos;

- as frustrações excessivas num determinado nível produzem o mesmo efeito;

- por vezes, uma fixação é produzida por satisfação e frustrações excessivas ao mesmo tempo. Um ser que tenha muitas satisfações ou a quem foram dadas satisfações em demasia torna-se, consequentemente, incapaz de suportar a menor frustração;

- a passagem súbita da satisfação à frustração também excessiva tem um efeito que favorece as fixações;

- mais frequentemente as frstrações se produzem quando um indivíduo experimenta uma satisfação pulsional que, ao mesmo tempo, o tranquiliza contra uma angústia ou contribui para rechaçar qualquer outra pulsão perigosa.

A fixação e a regressão são evidenciadas, pois quando da persistência de um número anormal de características de uma etapa anterior para as quais o indivíduo está predisposto a retornar quando aparecem dificuldades.

Para Mélanie Klein, a fixação e a regressão à angústia infantil. Segundo esta autora a fixação constitui, em parte, uma defesa contra a angústia, e a regressão é um fracasso da libido em dominar as pulsões destrutivas e a angústia provocada pela frustação. (Idem)

Segundo Anna Freud apud Ajurriaguerra (op. Cit.), existem três tipos de regressão:

- a regressão tópica;

- a regressão temporal como retorno às estruturas psíquicas mais antigas;

- a regressão formal, que faz com que os métodos primitivos de expressão e de representação substituam as actuais.

Estas regressões são basicamente únicas e manifestam-se ao manifestam-se ao mesmo tempo e, também, podem-se produzir nas três partes da estrutura da personalidade

– no Id, no Ego tanto quanto no Superego. A regressão temporal se refere às pulsões digiras para um fim, as representações objectivas e aos conteúdos das fantasias. As regressões tópicas e formais concernem às funções do Ego, ao processo secundário do pensamento, ao princípio de realidade.

Podemos de facto descrever regressões com valores diferentes:

- regressões regressivas com organização a um determinado nível e tendência a cristalização neste nível;

- regressão com possibilidade de progressão que , apresentando-se como solução funcional permanecem móveis e conservam possibilidades aquisitivas;

- formas dinâmicas de regressão que corresponde à mecanismo indispensàvel em algumas crianças e que se pode chamar de regressão-reprogressivas, porquanto, de facto, elas são apenas etapas que permitem a reconversão de possibilidades energéticas com possibilidades de enfrentar sob outras formas a realidade.

É evidente que a evolução da criança depende dos sofrimentos por que ela passa e das gratificações que ela recebe. Sabemos o quanto os sintomas em si têm pouco valor para o isolamento de uma organização ou psicótico e o quanto os comportamentos são variados nas crianças em evolução que a partir de um certo nível aparecem traços de carácter que podempos considerar como patológico. Trata-se, em geral, de determinadas formas de organização da personalidade, que deferencia uma criança da outra e que corremos o risco de valorizar demasiadamente em relação à uma determinada norma sem que no entanto elas sejam patológicas. Estes traços de carácter não devem ser julgados in abstractos, mas em relção ao indivíduo que utiliza em um sentido particular aos sofrimentos que eles odem provocar e às perspectivas que eles podem abrir ou fechar. (Ibidem)

5 Conclusão

A noção de normal e de patológico são dois aspectos obviamente distintos que devem ser bem delineados visto ser daí que se poderá evitar diagnósticos enviesados no que diz respeito à patologias da psique na criança.

As desorganizações psicobiológicas, neste caso, na criança, são disfunções dentro de organizações determinadas.

Os aspectos e formas de desorganização na criança é definida em termos de correntes filosóficas e médicas que deram seu contributo e auxiliam na compreensão da desorganização psicopatológica na criança.

No que concerne às desorganizações e suas formas na crinça estas podem ser vistas em termos de lesionais, funcionais e também referentes à imaturidade. Certas desorganizações nem sempre devem ser vistas num sentido negativo de patologia, mas sim de força motriz de desenvolvimento, como um momento importante de reorganização e restruturação da personalidade da criança.

Bibliografia

AJURRIAGUERRA, Julien, Manual de Psiquiatria Infantil, 2ª Ed., Resvista e Ampliada, Masson Edituer, Paris, 1985.

GAMEIRO, Aires, Manual de Saúde Mental e Psicopatologia, 4ª Ed., Edições Salesianas, Porto, 1989.

http://es.wikipedia.org/wiki/Psicopatolog%C3%ADa